sábado, 31 de agosto de 2019

Questões por Taís Romero

Ela só tem 4 anos. 
Ela já tem 4 anos? 
Ela já vai para a escola. 
Ela ainda não vai para a escola?
Ela já escreve o nome dela.
Ela ainda não escreve o nome dela?
Ela já ama os livros. 
Ela ainda não lê?
Ela já tem as suas brincadeiras preferidas. 
Ela ainda só brinca e não escreve?
Ela já fala bem, se relaciona bem com as outras crianças, é generosa, 
ama os animais e a natureza, é curiosa, faz boas perguntas e é muito observadora. 
Ela ainda não lê e não escreve e já tem 4 anos?
Aquela professora é carinhosa, atenciosa, estudiosa, pesquisadora, provocadora, 
mas não alfabetiza as crianças de 4 e 5 anos. 
Aquela coordenadora é séria, comprometida, estudiosa, parceira, 
mas só entende de crianças até 3 anos. 
Não serve para coordenar os professores que trabalham com crianças de 4 e 5 anos. 
Aquela escola acolhe a comunidade, respeita a infância, 
tem bons profissionais, um quintal lindo e um projeto pedagógico potente, 
mas não prepara para o primeiro ano do fundamental . 
Prepara? Não serve? Ainda não faz?
A adultez cristaliza o olhar para a infância. 
Quem são as crianças que habitam os espaços da escola? 
Qual é a concepção de infância que os adultos têm?
Qual o papel das famílias na relação família-escola?
Que histórias contam os projetos vividos pelas crianças? 
Como a escuta atenta e o olhar sensível dos adultos podem
garantir às crianças o direito ao tempo sagrado da infância?
E, ainda sobre o tempo, que tempo tem a criança para brincar, 
para pesquisar, para fazer perguntas e para aprender?
A infância fragmentada, compartimentada, acelerada, tem urgência de vazios. 
A pressa rouba a infância.