quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Crianças por Carolina Prestes (parte 1)


Conviver com crianças é ter a oportunidade de voltar às profundezas da humanidade, já que são elas – as crianças – o estado mais puro do ser humano. Para elas, tudo é nascente, tudo é encantamento.
Repare na alegria de uma criança ao descobrir o próprio corpo: o nariz, a boca, os pés; ou ao perceber que, ao bater as mãos, as palmas acontecem; ou, ainda, a alegria que sentem quando descobrem que (SIM!) é possível mudar a entonação da voz – e, então, lá vão elas, passar longos minutos nessa brincadeira.
Crianças repetem, incessantemente, as brincadeiras que despertam alegria: Cadê? Achou! Ao ouvir música, soltam o corpo, dançam, cantam, querem mais. Entregam-se verdadeiramente às experiências. Escavam a vida até a última gota. São pesquisadoras natas. Possuem um bonito compromisso com cada momento de sua existência.
Ao passear na rua, desviam do caminho “correto”, fazem pausas longas, recolhem flores e plantas ou, ainda, enxergam aquelas pequeninas formigas e também as borboletas e suas asas coloridas. Mas, não param por ai. Desejam, sempre, partilhar seus achados: chamam, então, os adultos para, junto com elas, contemplar os encantos do caminho.

Mas será que ainda sabemos nos entregar a este tipo de contemplação? Será que estamos prontos para respeitar este tempo das crianças? Ou, ao contrário, será que estamos, a todo o momento, barrando suas possibilidades de descobertas e encantamento?

... continua