sábado, 24 de agosto de 2019

Reflexão

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo... 

Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha.
 
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer 
colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.

Uma batalha hercúlea, confesso. 

Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe
que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.

Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. 

Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.

Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, 
que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, 
a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. 

Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações 
e cometer os próprios erros também. 

A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. 

A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.

Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo
não pára de se transformar ao longo da vida. 

Até o dia em que os filhos se tornam adultos, 
constituem a própria família e recomeçam o ciclo. 
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes,
 na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto 
para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. 
Esse é o maior desafio e a principal missão. 

Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos 
em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
 
"Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar"
Dalai Lama