As coisas ficaram meio uó, não ficaram? Vamos falar a verdade, o ano é 2019 e estamos discutindo assuntos que pareciam resolvidos, mas sabe-se lá por que cargas d’água, resolveram ressuscitar defuntos. Um deles, bem grandão, é que tem criança morrendo demais. E não é por causa de tiro, aliás, outra estupidez, né? Ora, armas! Quem acredita que estar armado é sinônimo de segurança? Velho, se eu estiver armado e chegar alguém pra me roubar, me mata também, e até que eu saque o revólver, o cara já está numa ilha paradisíaca... nada! Me roubar não lhe permitiria tanto. No máximo uma ida ao Espinheiros pra comer uma tainha.
O que tem feito a gente não destrambelhar é o alívio cômico das redes sociais. Eita, povo criativo! E piada é um modo de combate, de exposição das bestialidades, da conscientização por meio do riso. Ainda que eu já não ria tanto, porque, consciente, me desespero de vergonha, me desespero de tanto não entender como chegamos ao ponto que chegamos; de como o retrocesso está parecendo tanto com vida que segue; de olhar em volta e sentir-me um estranho.
“A coisa tá indo pro Beleléu”, me disse um amigo, ao que outro respondeu, “Tá indo, não. Já foi”. Porque o humor é um placebo que nos faz sentir melhor, questiono, “Onde fica mesmo Beleléu”? Todos se olham buscando resposta. Coincidência, no dia seguinte, Beth me enviou a definição de Luiz Fernando Veríssimo: “O Beleléu é um lugar de localização indefinida. Em alguns mapas fica além das Cucuias; em outros, faz fronteira com Cafundó do Judas e Raio Que os Parta do Norte. Beleléu tem algumas características estranhas. Nenhum dos seus matos tem cachorro, todas as suas vacas estão no brejo”.
Estamos no Beleléu.
Mas sabe o que é mais estranho nisso tudo? É que parece normal um presidente vomitar preconceitos e estupidez. Parece normal que as pessoas o defendam. Parece normal o golpe que permitiu tanto retrocesso. Sabe o que é estranho nisso tudo? É que o povo nem tchum!