Cerca de 100 mil mulheres do campo, da floresta e das águas de todo o Brasil e de 26 países de todos os continentes, vão ocupar as ruas de Brasília nos dias 13 e 14 de agosto, para defender políticas públicas e uma Previdência pública, universal e solidária, e ainda, protestar contra a flexibilização do porte de armas. O evento é considerado a maior mobilização de mulheres da América Latina.
Neste ano, o lema da sexta edição da Marcha das Margaridas será a “Luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça e livre de violência”. Elas são trabalhadoras rurais, marisqueiras, ribeirinhas, extrativistas, indígenas, e quilombolas, que participam da manifestação para dar visibilidade às suas demandas, e alcançar o reconhecimento social, político e a cidadania plena. A ação é realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), e tem coordenação descentralizada, com a participação das 27 Federações de Trabalhadores na Agricultura (Fetags) e pelos mais de 4 mil Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs). Também conta com a participação de inúmeras entidades de defesa dos direitos das mulheres e de centrais sindicais e organizações internacionais.
Uma Pioneira na luta que é coletiva - Negra, camponesa, Margarida Maria Alves foi uma das primeiras mulheres a presidir um sindicato no Brasil. Durante mais de uma década, ela lutou para que os direitos trabalhistas vigentes em áreas urbanas, tivessem validade também no meio rural. Conquistou muitos avanços na luta coletiva, mas a luta lhe custou a vida. A mando de latifundiários de Alagoa Grande, na Paraíba, foi morta aos 50 anos, em 12 de agosto de 1983 com um tiro no rosto, na porta da sua casa. Sua trajetória de conquistas serviu de inspiração para milhares de mulheres que, a cada quatro anos, desde 2000, marcham pelas ruas da capital federal para defender os seus direitos.
Neste ano, vão protestar contra a reforma da Previdência, o trabalho escravo e a ofensiva do governo da extrema direita em extinguir direitos sociais, as liberdades democráticas e a soberania nacional. Defenderão o fim dos cortes no orçamento da educação pública, a melhoria da educação no campo, a reforma agrária e a valorização e fortalecimento da agricultura familiar. Outra bandeira a ser destacada, é a posição contrária das Margaridas em relação à flexibilização do porte e posse de armas, conforme decreto do presidente da República, apresentado em janeiro. A nova regra autoriza moradores do campo com mais de 25 anos a comprar armamento de qualquer calibre, inclusive espingardas e carabinas, medida que tende a aumentar a violência nas áreas rurais.
Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que, somente no ano passado, 482 mulheres foram vítimas de violência em decorrência de conflitos agrários, um aumento de 377% em relação a 2017; os casos incluem tentativas de assassinato e criminalização da luta pela terra. Fonte: CRESS/PR