sexta-feira, 10 de abril de 2020

O velho eremita

Um velho eremita se refugiava na solidão do deserto na floresta e
nas montanhas em oração e penitência.
Muitas vezes, reclamava que tinha muito o que fazer.

As pessoas não entendiam como é que ele tinha tanto trabalho. 
Um dia o questionaram sobre o assunto e, ele respondeu:

- Tenho que: domar dois falcões (olhos), treinar duas águias (mãos), 
manter calmos dois coelhos (pés), vigiar uma serpente (língua),
carregar um jumento (corpo) e, domar um leão (ego).

Nós, não vemos nenhum animal perto da caverna onde você vive. 
Onde estão todos esses animais?

Então o eremita deu a seguinte explicação:
- Esses animais nós carregamos dentro de nós.

– Os dois falcões atacam tudo que é apresentado a eles, bom e mau. 
Tenho que treiná-los para se lançarem somente sobre coisas boas.
– Eles são os meus olhos.

– As duas águias com suas garras afiadas ferem e destroem. 
Tenho que treiná-las para só se colocarem a serviço e ajudarem sem ferir.
– Elas são as minhas mãos.

– Os coelhos querem ir onde lhe agradam, fugir e evitar situações difíceis. 
Eu tenho que ensiná-los a ficarem parados ainda que haja algum sofrimento, 
um problema ou qualquer coisa que não gostem.
– Ele são os meus pés.

– A coisa mais difícil é vigiar a cobra, mesmo que esteja trancada em uma jaula com 32 barras. 
Ela sempre está pronta para morder e envenenar qualquer um que passe apenas a jaula se abra. 
Se não for acompanhada de perto, machuca.
– Ela é a minha língua.

– O jumento é teimoso, não quer fazer o seu dever. 
Com o pretexto de estar cansado e não quer levar sua carga diária.
– Este é o meu corpo.

– Finalmente, preciso domar o leão, ele quer ser rei, quer ser o primeiro, é vaidoso e orgulhoso.
– Ele é o meu ego.