Qualquer coisa pode ser motivo para uma criança pequena ter uma crise emocional.
Q-u-a-l-q-u-e-r coisa!!
Não tem a ver com você não conhecer bem o seu filho ou não conseguir controlá-lo, como as pessoas costumam dizer que você precisa fazer. O que acontece é que lidar com frustrações para um cérebro ainda em formação é algo muito pesado. E, pensa só: a criança precisa lidar com vários momentos de frustração durante o dia...
Ela queria ficar em casa, mas tem pediatra. Queria colocar a blusinha sem manga, mas está frio. Queria experimentar o picolé colorido, mas não pode. Queria ficar um pouco mais no parque, mas tem que ir embora. E por aí vai. É muita frustração para processar. Até que uma hora, o cérebro não dá mais conta. E uma coisa aparentemente boba vira o gatilho para aquela choradeira sem fim.
Fazer o quê? Ensinar que não pode chorar o mais alto que pode e nem se jogar no chão no momento em que a criança está chorando o mais alto que pode e se jogando no chão? Parece para você eficaz essa solução? Não é. Passam a ser duas pessoas gritando. Entenda o momento e acolha como fizer sentido e for possível para você e para a criança. Deixe as pessoas que não entendem não entenderem. Não podemos ter a expectativa de fazer os outros verem tudo como nós, senão seremos nós a chorarmos alto e nos jogarmos no chão, tamanha frustração que sentiremos.
E eu sei que você vai me perguntar: “mas depois converso com a criança?”. Conversa, claro. Isso vai fazer bem para você. Mas a conversa não vai ensinar um cérebro ainda não formado a agir como você espera. Não perca isso de vista. O importante mesmo é você focar a sua atenção em lidar com a emoção da criança e não em no que fazer a qualquer custo para ela se calar. É bem nesse momento que pais costumam deixar de dizer “nãos” que precisam ser ditos, por exemplo. Se precisar dizer, diga. Vai causar frustração. A criança vai lidar com isso. Você vai lidar com a emoção da criança e ajudá-la a passar pela experiência. E depois a vida seguirá seu fluxo normal.