sábado, 15 de fevereiro de 2020

Lewis Carrol

— Amas-me? Perguntou Alice.

— Não, não te amo! Respondeu o Coelho Branco.

Alice franziu a testa e juntou as mãos como fazia sempre que se sentia ferida.

— Vês? Retorquiu o Coelho Branco.

Agora vais começar a perguntar-te o que te torna tão imperfeita e o que 
fizeste de mal para que eu não consiga amar-te pelo menos um pouco.

Sabes, é por esta razão que não te posso amar. Nem sempre serás amada Alice, 
haverá dias em que os outros estarão cansados e aborrecidos com a vida, 
terão a cabeça nas nuvens e irão magoar-te.

Porque as pessoas são assim, de algum modo sempre acabam por ferir os sentimentos 
uns dos outros, seja por descuido, incompreensão ou conflitos consigo mesmos.

Se tu não te amares, ao menos um pouco, se não crias uma couraça de amor próprio
e de felicidade ao redor do teu Coração, os débeis dissabores 
causados pelos outros tornar-se-ão letais e destruir-te-ão.

A primeira vez que te vi fiz um pacto comigo mesmo: 
"Evitarei amar-te até aprenderes a amar-te a ti mesma!"