sexta-feira, 8 de junho de 2018

Conto budista (parte final)

Obviamente, o homem não acreditou no que ouviu, ele se sentiu comovido e angustiado. 
Ele não conseguia explicar o que tinha acontecido. Ele foi acometido por um tremor por todo o corpo e seu suor 
molhou os lençóis onde dormiu. Em sua vida, nunca havia conhecido um homem com um carisma tão forte. 
O Buda modificou todos os seus pensamentos e todo o seu modo de viver e de agir.

Na manhã seguinte, o homem voltou ao mestre e jogou-se aos seus pés. 
Então o Buda voltou-se para Ananda:
– Você viu? Esse homem voltou para me dizer algo. Esse gesto de tocar meus pés 
é a maneira dele de me dizer algo que não poderia ser explicado em palavras.

O homem olhou para o Buda e disse:
– Perdoe-me pelo que fiz a você ontem.

O mestre respondeu que não havia nada para perdoá-lo e explicou-lhe:
– Como o fluxo do Ganges faz com que suas águas nunca sejam as mesmas, então nenhum homem é o mesmo de antes. 
Eu não sou a mesma pessoa com a qual você esteve ontem. E nem mesmo aquele que me cuspiu está agora aqui. 
Não vejo ninguém tão bravo quanto ele. Agora você não é mais o mesmo homem de ontem, 
você não está fazendo nada comigo, então não há nada de que eu possa perdoá-lo. 
As duas pessoas, o homem que cuspiu e o homem que recebeu o cuspe, 
já não estão mais aqui. Então, agora vamos falar de outra coisa.