quinta-feira, 15 de junho de 2017

"Qual o melhor lugar para um bebê?"

Um pequeno ser acaba de sair do aconchegante, quente e até apertado ventre materno, deste ambiente vêm suas referências de segurança, tranquilidade, amor... Chegamos com as experiências de gerações, recomendações do pediatra, leituras e até certa pressão social, e queremos "deixar" onde este bebê? Onde descansará, irá se sentir seguro e confortável? Onde poderá crescer saudável e desenvolver suas habilidades?

A resposta é bem simples: colo e chão! Não, você não leu errado. Colo, especialmente da mãe, e sling são o que o bebê pequeno precisa pra se adaptar confiante ao mundo externo e crescer feliz. Claro que a mãe precisa ter suas necessidades biológicas e sociais atendidas, pra isso o sling pode colaborar muito, e uma rede de apoio emocional, além de ajuda com a comida, a casa e as outras responsabilidades fazem total diferença.

Passam uns três meses, e a curiosidade deste bebê se intensifica, assim como suas capacidades para explorar tudo que seus olhinhos não param de descobrir, chega então a primeira fase de proporcionar espaço e liberdade. É de uma superfície segura que o bebê precisa para aprender a virar, desenvolver tônus muscular, segurar objetos e continuar seus desenvolvimentos motores engatinhando, ficando de pé, para então andar.

Seja por desejo ou necessidade chega um momento em que a mãe necessita ou quer dividir os cuidados do bebê. Trabalho, tempo pra si, tempo exclusivo para os outros filhos ou outras responsabilidades são alguns dos motivos para eleger um novo cuidador. E esta procura pode ser difícil e até frustrante, pois a mãe descobre que ninguém fará como ela, tampouco a substituirá perfeitamente. Isso é bom! Quando o pai, por exemplo, segura a criança de um jeito diferente, está proporcionando uma nova experiência, ensinando uma nova visão de mundo, ampliando o repertório deste bebê. Assim, designar um novo cuidador proporciona um momento muito rico para o desenvolvimento do bebê, primeiramente a própria ausência da mãe traz a oportunidade de se criar novos laços afetivos e de confiança, em seguida, surgem outras formas de ter suas necessidades diárias saciadas, novas formas de se comunicar, novas experiências, novos ambientes. 

Eu acredito na importância ímpar de muito cuidado exclusivo ou prioritário da mãe, mas acredito ainda mais em tempo de qualidade, e para isto a mãe precisa estar feliz, realizada, preenchida, descansada... Respeitando as necessidades de colo e chão do bebê - entendendo estes como conceitos amplos de atenção, carinho, cuidado, liberdade, estímulo e experiências - será sim possível incluir um novo cuidador na rotina da família de maneira saudável e construtiva. Além do mais, afastados por um período de tempo, essa dupla de amor terá memoráveis reencontros, sempre com saudades e novidades.

Ana Kita (sócia - proprietária do CEI Casulo da Borboleta )