sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Ainda em tempo... Carta de uma mãe de prematuro

"Ser mãe de prematuro é ser pega pela surpresa e o despreparo. 
É não segurar seu filho nos braços quando nasce. 
É olhar pela incubadora. 
É sentir sua cria pela ponta dos dedos esterilizados em álcool gel.

Ser mãe de Prematuro é ser viciada no monitor. 
E ver seu filho respirando por aparelhos com sensores medindo o que há de vida na sua criança. 
São os benditos 88% de saturação.
É tirar leite na máquina. 
É ver o leite entrando pela sonda. 
E torcer para a quantidade aumentar todo dia. 
É ter paranoia com o processo ganha/perde de peso diário. 
Num dia ganha 10 gramas e no seguinte perde 15. Isso é um desespero. 
É se incomodar com as aspirações e manobras, mas saber que é um mal necessário.
É ver picadas e mais picadas para exames e não respirar enquanto o resultado não aparece. 
É chegar ao hospital com o estomago em cambalhotas com medo do que vai ouvir do pediatra.

Para ser mãe de UTI tem que virar pedinte e mendigar todo dia uma boa notícia. 
Mesmo que seja a bendita palavrinha “estável” - significa que não melhorou, - mas também não piorou. 
E não se esquecer de agradecer o cocô e o xixi de cada dia. 
Sinal de que não tem infecção.

Mãe de Prematuro também tem rotina. 
UTI-casa-UTI de segunda a segunda. Sem descanso. E como é possível descansar?

Para ser mãe de Prematuro é preciso muita fé. 
Porque na hora do desespero é você e Deus. 
É joelho no chão do banheiro da UTI para pedir milagre, ou pedir que acabe o sofrimento. Haja fé. E só com fé.
É ser a Rainha da Impotência, por ver o sofrimento e a dor do seu bebê e simplesmente não poder fazer nada. 
Só confiar. 

É bater papo com seu filho através da incubadora. 
E ter lágrima escorrendo pelo rosto todo dia por não poder sentir seu cheirinho e beijar seus cabelos.

Mas, ser mãe de prematuro é superação, é ter história para contar.
É entender de um monte de doenças que ninguém nem imagina que existe. 
É contar o tempo de um jeito diferente. Idade cronológica e idade corrigida. 
É difícil de entender. 

É sair da UTI com festa e palmas. 
E deixar por lá amigos eternos e preciosos.

Ser mãe de Prematuro é ter medo do vento, da bronquiolite, do inverno e do hospital.

Toda mãe é um ser guerreiro por natureza. 
Mas a Mãe de Prematuro, precisa ser guerreira em dobro. 
E isso nos difere e ao mesmo tempo nos iguala.
Lutadoras, perseverantes, resilientes, frágeis a ponto de desabar a qualquer momento, 
mas com uma força absurda. 
Uma força que talvez venha de um útero vazio antes do tempo.
Assim são as mães dos bebês que nascem antes..." #diamundialdaprematuridade