quinta-feira, 27 de março de 2014

Espetáculo "Solidão Pública" de Adilso Machado




“Tão perto da morte as pessoas sentem-se liberadas e prontas a reviver. Também me sinto pronto a reviver tudo. Como se esta grande cólera me tivesse purificado do mal, esvaziado de esperança, diante desta noite carregada de sinais e de estrelas eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo. Por senti-lo tão parecido comigo, tão fraternal, enfim, senti que tinha sido feliz e que ainda o era. Para que tudo se comunicasse, para que tudo se consumasse, para que me sentisse menos só, faltava-me desejar que houvesse muitos espectadores no dia da minha execução e que me recebessem com gritos de ódio”.  (Albert Camus - no seu livro o Estrangeiro)

Sobre o espetáculo – A pesquisa Solidão Pública trata-se de um solo que investiga estados emocionais a partir da solidão e do isolamento individuais, buscando de que forma essas condições se reverberam na estrutura sensório-motora do corpo. Um estudo de situações de isolamento humano: o contexto de angústia, ansiedade e vazio do indivíduo numa sociedade que pressupõe-se cada vez mais integrada. De que maneira se dá no corpo a solidão? Como se dá a solidão do bailarino frente a platéia, revelando-se em movimento, plasticidade, estética e técnica? 
Questões adjacentes como o suicídio, também entrarão para a base teórica dessa pesquisa, como é o caso dos legados do sociólogo Émile Durkheim, que se relacionam a este projeto na medida em que elevam a fenômeno social uma questão a priori considerada psicológica e individual. Sob o prisma do suicídio de Durkheim, é possível pensar a solidão como forma de coerção exterior ao indivíduo, trazendo a questão social na experiência de isolamento do mesmo. Assim se da uma das vertentes para investigar a solidão e seus desdobramentos. 
A interação indivíduo/sociedade é aqui também transposta para a interação interior/exterior do corpo, isto é, na relação do corpo com seu meio. Neste ponto, faz-se consonância com a visão do filósofo José Gil (2004) em seu artigo Abrir o Corpo do livro Corpo, arte e clínica: “Ora, de que ponto de vista vemos ou percepcionamos o mundo? Nem do exterior, nem do interior do corpo, mas dessa fronteira – ou interface – em que o interior e o exterior se sobrepõem” (GIL, 2004: 24). Sendo assim, o corpo do bailarino relaciona-se ao público construindo um diálogo, cada qual partilhando de suas vivências e da condição de ser indivíduo posto a um coletivo, de ser uma solidão posta a público.

Dias 29 e 30 de março (sábado e domingo) às 20h no Teatro do SESC Joinville
Entrada Franca (com distribuição de ingressos uma hora antes no local)

Workshop: Modos Colaborativos da Investigação
Dia 30 de março (domingo) das 13h às 16h na Sala de Dança SESC Joinville 
Inscrições gratuitas pelo email alexf@sesc-sc.com.br 

Projeto aprovado pelo Edital Elisabete Anderle de Estímulo a Cultura - 2013