Vamos sair com o cabelo
mais comprido e mais branco.
Com as mãos e casas limpas
e roupas antigas.
Com medo e vontade de estar fora.
Com medo e vontade de conhecer alguém.
Vamos sair com os bolsos vazios
e as despensas cheias.
Nós saberemos fazer pão e pizza e aprendemos a não desperdiçar a comida
que pode faltar...
Lembraremos que
um médico ou enfermeiro
deve ser aplaudido,
mais do que um jogador de futebol.
E que o trabalho de um bom professor
não pode ser substituído por uma tela.
E que costurar máscaras, em certos momentos é mais importante do que fazer alta moda.
Que a tecnologia é muito importante,
na verdade vital, quando é bem usada,
mas pode ser prejudicial se alguém quiser usá-la para fins próprios.
E que nem sempre é indispensável entrar no carro e fugir quem sabe para onde...
Vamos sair mais sozinhos,
mas com vontade de estar juntos.
E vamos entender que a vida
é boa porque você vive.
E que somos gotas de um mar.
E que só juntos
conseguiremos sair de certas situações.
Que às vezes o bem ou o mal,
vem de quem você menos espera.
E vamos olhar para o espelho.
E vamos decidir que talvez
o cabelo branco não seja assim tão mau.
E que a vida em família é importante e amassar pão para eles nos faz sentir importantes.
E aprenderemos a ouvir respirações,
os golpes de tosse,
e a olhar nos olhos,
para proteger a quem amamos.
E respeitar algumas regras
básicas de convivência.
Talvez seja assim.
Ou não.
Mas esta manhã,
num dia de outono,
eu quero esperar que tudo seja possível
e que se possa mudar para melhor.