"Certa vez atendi uma mãe que me procurou porque tinha um filho "problemático"... Suas palavras foram: "Eu tenho um filho de 10 anos e um de 8... Eu criei os meus filhos da mesma forma... não entendo porque um me ama e o outro parece que me odeia."
Ao conversar com a mãe, ela relatou que ao longo da vida, aprendeu que o mais importante para um filho, era o amor dos pais, e isso eles tiveram... "Eu amei os dois da mesma forma...".
Eu: - E como você demonstrava amor para eles?
Ela: - Faço igual a minha mãe... Toda noite, antes de dormir, minha mãe abria a porta do quarto e dizia "amo você minha anjinha…", lembro até hoje da voz dela dizendo isso... Para mim era o melhor momento do dia… E é isso que eu sempre fiz toda noite com eles, abria a porta do quarto e dizia "amo vocês meus anjinhos."
Eu: - Compreendo… E como seus pais eram em relação a colo, carinho?
Ela: - Ah, isso não tinha... sabe como era antigamente… os pais eram muito rígidos... meu pai era bem fechado, trabalhava muito, e minha mãe também passava o dia todo ocupada... Não tinha tempo pra colo e frescura… Nisso eu sou muito parecida com a minha mãe..."
Pedi para ela responder um pequeno questionário para confirmar uma suspeita que eu tinha... Era o questionário para identificar o sistema representacional preferido.
Os sistemas representacionais são as portas da nossa percepção, dentro da PNL eles são divididos basicamente em três categorias: Visual, auditivo e Cinestésico. E estão relacionados com nossa maneira de perceber e vivenciar as experiências diárias.
A maioria das pessoas processa a realidade de maneira mais Visual, ou seja, são guiadas principalmente pelo que vêem no dia a dia, imagens, formas, cores, luminosidade, tamanho… e seu processo de pensamento acontece criando imagens mentais.
Algumas pessoas processam a realidade de maneira mais Auditiva, suas ações são baseadas no que ouvem, informações, dados, tons de voz... e seu processo de pensamento se dá mais por um diálogo interno.
E ainda existem aquelas que processam a realidade de maneira mais Cinestésica, ou seja, sua percepção depende muito de sensações, contato, ações, movimento... Seu processo de pensamento está muito mais relacionado a como ela irá se sentir em determinada situação.
Na prática nós temos os três, mas geralmente temos um preferencial.
Ao terminar o questionário, o resultado do teste da mulher deu Auditivo. Pedi que ela levasse duas cópias para casa e desse para os filhos responderem e depois voltasse. Resultado, um dos filhos deu Auditivo, e o outro Cinestésico.
Adivinha só… O filho que a mãe dizia "amar" ela, era o que processava a realidade de maneira mais Auditiva, assim como ela, por isso, para ele, ouvir "eu te amo meu anjinho" era, de certa forma, suficiente. Por outro lado, o filho que a mãe dizia "odiar" ela, processava a realidade de maneira mais Cinestésica, isso significa que para ele, ouvir não é tão importante quanto sentir… Para ele, uma demonstração de amor seria um colo, um abraço, um carinho… não palavras.
Nesse momento a mãe entendeu que talvez esse tenha sido o problema... Ela criou os dois da mesma forma, mas eles não eram iguais... Nunca foram… O que funcionou para um, não necessariamente funcionaria para o outro…
Seus olhos se encheram d'água...
Eu: - E aí, o que você vai fazer com essa informação? O que você pode fazer para resolver isso?
Ela: - Eu preciso encostar mais no meu filho… sinceramente... não lembro a última vez que dei um abraço de verdade nele… Hoje mesmo, a noite vou chamar ele para conversar…
Eu: - Compreendo... mas lembre-se que é você quem gosta de falar e ouvir, não ele… Talvez ele só queira um colo…
Ela: - Tem razão… Muito obrigada!"
Autor desconhecido