Foi com a maternidade que eu aprendi que aquilo que nos irrita no outro é, na verdade, nosso. O que nos obriga a um grande grau de coerência... Afinal de contas, não temos moral alguma para exigir do outro aquilo que sequer sabemos fazer.
Como vamos exigir que o outro solicite as coisas a nós com calma, empatia e discernimento se não fazemos o mesmo por ele? Como podemos exigir organização e método se nós mesmos não os temos? Como podemos ensinar nossas crianças a serem gentis e acolhedoras com os outros quando agimos com elas com violência? Como vamos aconselhar uma querida amiga que está em situação de abuso conjugal se todos os dias, ao fecharmos a porta de nossas casas, uma relação abusiva nos aguarda?
Todas essas questões foram os motores propulsores da minha própria mudança interna, que no final das contas podem ser resumidas em apenas uma expressão: busca por coerência. Ser coerente e procurar ser coerente é uma busca para toda a vida. E tem tanto a ver com educação que nosso querido Paulo Freire, homenageado por uma das escolas campeãs do Carnaval 2020, já incentivava que caminhássemos no sentido de que nossa prática se aproximasse cada vez mais daquilo que defendemos. O que também pode ser chamado de PRÁXIS.
Ser coerente é importante não porque somos mães e educamos outros seres humanos. Mas porque é o único caminho para a plenitude.
Educar sem violência é, também, essa busca por plenitude, uma vez que nos aproxima cada vez mais de quem queremos ser. O que nos leva em direção à mudança que queremos ver no mundo. Eis a base para toda ação revolucionária, desde que subentenda a nossa própria mudança interna.
Vem comigo nesse caminho! Estou há 10 anos em desconstrução contínua impulsionada pela busca da não violência na educação. O que me fez lutar contra todas as demais formas de violência. Inclusive a que praticamos contra nós mesmas quando nos desrespeitamos.