Por um tempo era só eu e ela. Muito amor, muita admiração e realizações. Aí nosso amor expandiu na certeza de que queríamos mesmo mais um filho pertinho e sua irmã chegou. Não sei o que deu errado, mas quando a primogênita deixou de ser bebê, o elo forte que eu construí com a caçula pareceu grande demais. Onde foi parar todo aquele amor, aquele meu olhar pra minha bonequinha? Sei que parou de deixar eu escolher os laços e a fase complexa dos 3, 4 anos me deixou de cabelo em pé. Mas porque cheguei a duvidar que a amava tanto como no princípio?
Demorou, demorou muito para eu perceber que ela também sentia. E como eu não entendia, não podia ajudá-la a entender. Até a relação que desenvolveu tão próxima do papai parecia um problema, mesmo que muitas vezes solução.
Aí entendi. Não é sobre comparar amor, mas conexão. Conexão precisa ser cativada diariamente. A amamentação, a cama compartilhada, os colos, as necessidades urgentes de um bebê favorecem muito. A rebeldia, as instabilidades, as revoltas de uma mocinha dificultam muito. Mas eu sou a mãe, então preciso assumir a responsabilidade e quando me dei conta as coisas mudaram muito.
Não nego que tenho uma afinidade, uma coisa de olhar com a irmã que faz nossa conexão excepcional hoje. E me orgulho em dizer que trabalho arduamente para manter crescendo minha conexão com esta florzinha, a minha florzinha.
Ela será sempre minha primogênita, terá sempre seu espaço, meu colo, meu amor, meu olhar. Mas não custa lembrar o quanto me transformou em seu primeiro ano.
Ana Kita