Fico pensando se as famílias dessas pessoas, que sequer irão poder enterrar seus mortos, ou as famílias infectadas estão preocupadas com o “ano letivo”, com o “dever de casa”.
Sou professora. Trabalhei com Educação a vida inteira. Acredito na importância da Educação. Mas sinceramente? É preciso dimensionar a importância das coisas em cada momento.
As crianças estão confusas, assustadas, angustiadas, apreensivas tanto quanto nós, as vezes mais, porque as pequenas não compreendem bem tudo que está passando.
Pais classe média preocupadíssimos com “conteúdo escolar”, entendo, mas agora é hora de investir no “conteúdo humano”. Cozinhe com elas, arrume a casa com elas, ensine-as sobre higiene e cuidado. Cante com elas, conte histórias, faça pipoca e compartilhe desenhos e filmes, converse sobre eles, leiam juntos, rezem juntos...
Aproveite para conhecer seu filho. Saber o que sente, o que pensa, quem é essa pessoinha que você leva e trás da escola, natação, balé, inglês...
Mostre fotos antigas de sua infância. Deixe que elas conheçam a história de quem é esse adulto que as leva e trás!
Existem muitos “conteúdos” que podemos aproveitar para desenvolver nesse período de crise e reclusão essenciais para a formação desse ser humano. Conteúdos que andam bem negligenciados.
Pode deixar que depois ensinaremos a eles as frações, expressões numéricas, pronomes e orações subordinadas adversativas - como se deve e não nessa farsa à distância - e ele seguirá o curso normal de sua vida.
Daqui alguns anos você vai lembrar da pandemia, da quarentena, da insegurança da angústia. Mas seu filho poderá se lembrar como o melhor tempo que passou com os pais! Depende de você. (Março/2020)