terça-feira, 31 de dezembro de 2019
Oração do amor próprio
Que eu saiba primeiro me encontrar, antes de me doar.
Que eu possa respeitar os meus próprios limites e aprender a dizer não
quando essa é a minha real vontade e direção.
Nos erros que cometo, que eu possa me olhar com todo amor e compaixão,
pois sei que faço e dou o meu melhor, que eu aprecie a auto gratidão.
Em cada alegria celebro a grandeza de ser quem sou, sem querer ser
uma imagem que pintaram de mim, esse tempo acabou.
Com carinho eu me cuido e me amparo a cada passo, a cada queda.
Sei que minha força se refaz no meu tempo, e nele meu coração celebra.
Que eu não me critique ou me culpe, drenando assim minha própria energia.
Que eu saiba respeitar o meu tempo de florescer a cada dor,
que eu possa também me permitir a alegria.
Que antes de eu cuidar do outro, eu olhe para a minha vida, regue o meu jardim
para que a doação não me deixe um buraco e eu me sinta depois dolorida.
Que eu não abandone a mim mesmo, esperando que alguém venha me salvar,
ao invés disso que eu saiba me olhar com amor e me curar.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
As toxinas da casa
- objetos que você não usa - roupas que você não gosta ou não usa há tempos
- coisas feias - coisas quebradas, lascadas ou rachadas
- velhas cartas, bilhetes - plantas mortas ou doentes
- recibos/jornais/revistas antigos - remédios vencidos
- meias velhas, furadas - sapatos estragados
- velharias de todo tipo que te ligam ao passado
Saiba...
No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga; na entrada, restringem o fluxo da vida;
Empilhadas no chão, nos puxam para baixo; acima de nós, são dores de cabeça;
Sob a cama, poluem o sono e espalhadas pela casa, entulham a vida.
Com o destralhamento:
* A saúde melhora; * A criatividade cresce;
* Os relacionamentos se aprimoram;
* Há maior capacidade de raciocínio;
* Leveza no espírito e no humor.
Perguntas que ajudam... Por que estou guardando isso?
Será que tem a ver comigo hoje? O que vou sentir ao liberar isto?
E vá fazendo pilhas separadas...
Para doar! Para jogar fora!! Para vender!!!
A limpeza de dentro reflete por fora!
* livre-se de barulhos, * das luzes fortes, * das cores berrantes,
* dos odores químicos, * dos revestimentos sintéticos,
* do que traz lembrança triste, * libere mágoas,
* pare de fumar, * repense o uso da carne,
e, termine projetos inacabados.
Cultive energia positiva em sua casa.
Faça uma limpeza geral e use caixas para organização:
- lixo - consertos - reciclagem - presentes - doações - vender
Comece por gavetas e armários e conclua cada cômodo, faça tudo no seu ritmo...
Enquanto faxina observe as mudanças acontecendo em você.
À medida em que limpamos nossa casa física,
também colocamos em ordem nossa mente e coração!
Não se agarre a nada.
Se você começar a se desprender, uma tremenda liberação de energia acontecerá dentro de você.
A energia que estava envolvida no apego às coisas, trará um novo amanhecer ao seu ser,
uma nova luz, uma nova compreensão, um tremendo descarregar.
domingo, 29 de dezembro de 2019
"Deixe tudo, pai" de David Gonçalves
Viviam felizes. Nem percebiam o tempo. Envelheciam e se amavam. Um dia, puft, fazendo o almoço, um mal súbito, a mulher morreu. Assim, do nada. Restaram a panela e a colher no piso. Assim.
O susto. O abismo. O nada. Procedeu-se o enterro. Não havia lágrimas. Só um cansaço esquisito, o ssss de saudade. O vvvv do vazio. O nnnn do nada.
Os filhos: Pai, agora tem que vir com a gente.
O pai: Ihih, sei lá, acho que não posso.
Os filhos: Não vamos deixá-lo aqui sozinho, jogado às traças. Ah, ah... O que dirão as pessoas?
O pai: Esse cheiro, ah, esse cheiro...
Os filhos: Mas que cheiro?
O pai: O cheiro dela. Da tua mãe. Se sair, não posso levar o cheiro dela. Sempre dormi com o cheiro dela.
Quarenta anos juntos. Uma briguinha de vez em quando. Só pra provocar o diálogo tortuoso.
Os filhos: Onde está o cheiro da mãe?
O pai: Por tudo. Nas roupas, nos travesseiros, nos lençóis. Nas plantas, na terra do quintal...
Os filhos: Levamos as roupas da mãe. Não se preocupe. A gente enche o baú velho com os pertences dela.
Mas haviam outras coisas.
O quê?
Os cachorros. Três vira-latas de pelos amarelos. Levamos também. O boizinho malhado. Ah, esse não. Pra onde ele vai? A gente pensa nisso depois. Um dos filhos riu abafado. Com certeza, uns bifes. O papagaio Terêncio. Levamos. Se incomodar, a gente dá um jeito. Os porquinhos. Pro matadouro. Não dá pra criar porcos em apartamentos. Deus me livre. Os vizinhos denunciam. Ai, Jesus, eles não vão pro matadouro, não. Eles têm nomes. Joãozinho e Miguelito. Quando se dá nome aos bichos, eles criam alma. De jeito algum, eles não vão pro matadouro. Oh, velho burro: porco é pra depelar e fritar. As flores do jardim. Pagamos alguém pra tosar e regar. Mas não dá pra levar? Isso não dá. Ahãhãa. O lagarto rajado. Tem lagarto também?
O lagarto comia duas vezes, cedo e de tardezinha, nas mãos dele. Língua fina comprida de fora.
Deus do céu! O que vamos fazer com um lagarto? É apartamento. Nem cachorro pode ter. Parece que você vive na Idade Média.
Eu criei ele. Desde pequenino. Um ovo cedinho, outro à tarde. Não pode ser gelado. A gente só faz um furinho na casca. Ele chupa com a língua fina. Bem aqui na minha mão. Dá gosto de ver.
Mas, agora, a mãe se foi. É outra vida. Tudo mudou. Assim não dá. Quantas dificuldades por nada. Você faz isso de propósito.
Há coisas que a gente não consegue deixar ao longo do caminho. Se a gente não levar junto, tudo se acaba.
Ah, pai, não dificulte. Não somos ingratos. Nenhum de nós pode viver enfiado neste sítio. Sem intenet, sem conforto. O mundo mudou.
As panelas de ferro?
Que panelas?
As que sua mãe usava. Elas têm que ir também.
Está bem. Damos um jeito. Quem usa essas panelas de ferro hoje? Escuta, pai: o mundo mudou. Tudo é prático.
Me deixem neste meu mundo que eu entendo. Vão em paz, Deus os acompanhe. Se há coisas que não posso levar, eu não posso ir.
Mas, pai...
Olha aí, lá vem o lagarto rajado! Vem cá, Ditinho, que eu vou preparar o ovo. Vem cá, não tenha medo.
O lagarto parou na frente dele e ficou esperando. Os filhos não sabiam o que dizer.
sábado, 28 de dezembro de 2019
Clarice Lispector
"O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade"
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
A mensagem dos "elementos"
A água disse:
- Flui, não te represes.
A vida é constante movimento, não para.
O fogo disse:
- Transforme-se, não fique imóvel na vacuidade da calma aparente.
A vida é um incêndio, um constante crepitar.
O ar disse:
- Livra-te, solta, se solte de tudo aquilo que
te impede de ser e voar em liberdade.
A vida é um suspiro, um sopro, um instante.
A terra disse:
- Enraíza-te, eleva seus galhos e floresce.
A vida contém o mistério de toda semente e
a sabedoria milenar de todas as florestas.
O coração disse:
- Abre-te, expanda e ama, ama tudo o que
a tua alma infinita possa amar.
A vida, se não contém e se contém no amor, não é vida!
Seja terra, seja fogo, seja água, seja ar...
Mas, muito mais, seja amor!!
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
DPVAT
A MP 904/2019 extingue, a partir de 1º de janeiro de 2020,
o Seguro Obrigatório, também conhecido como DPVAT.
Espalhe as cinzas num puteiro, conto de David Gonçalves
A boca estava seca como se tivesse engolido um punhado de areia. Engolia o cuspe seco que não descia na goela. As mãos, Deus, estavam geladas como as mãos de afogados. Ela segurava o pote de cinzas. Estava no meio do mulherio que exalava perfume variado e barato, exibindo seios, pernas e bundas sob os olhos gulosos dos homens já um tanto bêbedos. Teria coragem de levar a missão ao fim?
Na infância, Monteiro – o caçula de uma boa ninhada de filhos, descendente de italianos – foi mandado ao seminário. Cumpria, assim, os desejos da mãe. O pai apenas fazia filhos para ter braços na roça. Ninguém perguntou-lhe se queria ser padre. Mas cumpriu-se o veredicto. Rolou de paróquia a paróquia, abençoando, perdoando, aconselhando, punindo. Sobretudo, amando. Primeiro, as putas dos decaídos bordéis. Depois, algumas fiéis audaciosas, viúvas e solteironas. Por dentro de uma batina existe um homem com desejos, anseios e decepções. Fez filhos, sim. Umas silenciaram, aflitas; outras, abortaram. Quando rebentava o escândalo, era transferido para arraial distante e tudo começava novamente. Ao completar 50 anos nenhuma paróquia o queria mais. Outros tempos: a chegada brusca da internet o expôs de tal maneira que não havia como a Igreja acobertá-lo. Sim, era um pároco amado, com sermões empolgantes. Atiçava, purificava, unia e multiplicava os fiéis por onde andava. Mas... A internet liquidou com seus arroubos amorosos. Essa coisa do diabo liquidou a distância, dizia. Teve que deixar a batina e sair quieto pelas portas dos fundos.
Foi assim que apareceu em Quadrínculo e montou um bar-mercearia, onde vendia de tudo – de cachaça a cereais. Adotara outro nome. Deixara a barba um tanto grisalha crescer. Tinha boa prosa, sabia escutar e aconselhar. Fez clientela. Não era mais Monteiro, mas Procópio. A fama de comerciante se espalhou e o negócio prosperou. As mulheres, embora maduro, colocavam-no como provável parceiro. Frequentemente, os homens viam-no no meretrício, bebendo, farreando. Empolgado, dizia: “A vida é uma farra, uma farsa, um imenso puteiro legalizado”.
Certo dia, quando estava para fechar o estabelecimento, uma mulher de trinta anos encostou-se no balcão e estendeu-lhe um envelope. Dentro, uma carta. Leu-a pensativamente:
“Padre Monteiro, apresento nossa filha Luíza. Estou à beira da morte e ela sempre quis saber quem era o pai. Escondi de todos a verdade. Cuide bem dela” – Joana Valverde.
Ele sacudiu a cabeça como se tivesse levado uma pancada. Depois, mirou-a. A lembrança – tão antiga foi aos poucos se avivando – escapava da inconsistência de um simples sonho.
– Você se parece com a Joana – disse, ruborizando-se. – Por onde ela anda?
– No cemitério.
– Ah, sim. Entre. A casa é sua. Não repare. Casa de homem é assim...
Abraçou-a e chorou. Conversaram a noite toda.
– Você pode morar aqui.
Ela não quis.
– Só queria conhecer meu pai. Isto basta.
Mas voltou muitas vezes.
Na última visita, encontrou o pai abatido, com dores, andando com dificuldade pelo armazém. Algo terrível acontecera. Câncer na próstata, ele disse. É o fim, completou.
– Estava mesmo esperando você. Toma aqui esta carta com meu último desejo. Mas só abra depois da cremação.
– Que absurdo, pai! O que o médico diz? Amanhã, vou falar com ele.
– Estou no corredor da morte.
Ambos choraram, abraçados.
– Me perdoe, filha, por eu não ter sido bom pai.
Três semanas após, morreu.
Quando abriu o envelope, surpresa, ela leu: “Espalhe minhas cinzas num puteiro”. Lá estava ela, no meio do mulherio exalando a perfumes baratos e homens bêbados para cumprir o último desejo do pai. Segurava tremulamente o pote de cinzas. Por onde começar a espalhar? Algumas mulheres já a olhavam como inimiga. Um senhorzinho de cabelos brancos a puxou para dançar um tango sob o tablado. Ela o empurrou e, no esforço, quase derrubou o pote.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!!
De uma imagem revelo meu desejo...
Que todo aquele que convivo nesta vida,
faça parte desta minha caminhada com alegria
e saiba que sua presença dignifica minha existência,
trazendo luz e energia para a realização de meus sonhos!
Conheça o seu valor!
Um pai antes de morrer disse ao filho: “este é um relógio muito antigo do teu bisavô, tem mais de 200 anos.
Antes de ficares com ele vai ao café da rua e tenta vendê-lo para ver quanto vale.”
O filho lá foi. Quando voltou disse que o conseguia vender por 10€ lá no café.
Então o pai disse: “agora vai à relojoaria e faz a mesma coisa”.
O jovem assim fez e na relojoaria conseguiu uma oferta de 30€ pelo relógio.
O pai disse: "agora vai ao museu e mostra lá esse relógio".
Quando ele voltou disse ao pai: "no museu ofereceram 500.000€ pelo relógio!!!”
O pai então disse: “eu queria que aprendesses que o lugar certo valoriza o teu valor da maneira certa.
Não fiques irritado por não te valorizarem no lugar errado.
Quem sabe o teu valor é quem o aprecia, nunca fiques num lugar que não combina contigo".
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
Certa noite de natal por David Gonçalves (Academia Joinvilense de Letras)
Bela, belíssima, cabelos negros da noite, azeviche, olhos de jabuticaba – Esmeralda, a filha do agricultor Leonardo. Riso tão puro como a fonte murmurante. Dos cinco filhos, era a joia. Dava-lhe alegrias e apreensões. Os moços da gleba a disputavam acirradamente. Nos bailes e quermesses, as outras moças mofavam, magoadas. Esmeralda ofuscava e atraía, feito visgo. Alguns, desprezados, desertaram chapadão afora e teve o caso do Alonso que se enforcou numa goiabeira naquela curva de estrada.
A casa de Leonardo era frequentada por muitos jovens. Alguns se contentavam com uma caneca de água da bica que ela oferecia. Outros, com o simples olhar da desejada.
Tão linda, deusa, rosa perfumada, flor de maracujá.
Dois moços a disputavam, sem tréguas, desesperados. Amor cego. Ambos de bom porte e ricos, filhos de fazendeiros abastados. Ela decidiu por Antonio. O casamento foi marcado para o dia de Natal. Abílio, o desprezado, não se conformou: jurou vingança. Alguma coisa tinha que fazer. Não serviria de riso.
Houve festa, bênçãos do pároco, chuva de arroz e buquê de flores silvestres para as ansiosas solteiras. Os convidados chegavam de caminhonetes, carros e até mesmo de carroças, ou em cavalos de raça. Paz e alegria pairavam sobre os convivas. Os noivos se vestiram de papai Noel e mamãe Noel e distribuíam doces às crianças.
Mas o ciúme é soda cáustica. Derrete até aço e derreteu a mente de Abílio. O ciúme por si é o diabo; junto com o álcool, é o inferno inteiro.
De repente, quando o banquete era servido, uma caminhonete parou bruscamente na frente do salão de festa e, envolto no poeirão vermelho, surgiu Abílio empunhando dois revólveres. Estava possesso, ébrio de ciúmes.
Houve um corre-corre e pessoas caídas. Os noivos se esconderam debaixo da mesa de peroba, que ficou esburacada de tantos estilhaços.
Antes que alguém buscasse suas armas nos carros, Abílio já havia desaparecido, deixando atrás uma nuvem de poeira, várias pessoas feridas e três mortos: o pai da noiva, a mãe da noiva e o padre.
Passaram-se 15 anos. O tempo foi cicatrizando as mágoas, os receios e o desejo de vingança. Se diz com acerto que o tempo é sabão e borracha: vai lavando e apagando.
Na casa de Antônio e Esmeralda, pais de três filhos já crescidos, nunca mais houve Natal. Reinava a tristeza: um saco de lembranças ruins. Preparavam a ceia farturosa, sentavam-se à mesa, mas não havia alegria. Os mortos pairavam sobre a família, embora procurassem camuflar. Não se fala em corda em casa de enforcado.
Aguardavam as festas, sentados à mesa. Oravam. Lá fora, brilhavam as estrelas. Alguém bateu palmas ao portão, os cachorros ladraram ferozmente.
– Mas logo nesta noite! Será o bom velhinho perdido por esses campos? – disse Antonio, levantando-se e indo atender, ralhando com os cachorros.
Era um andarilho maltrapilho, saco roto às costas. Focou o farolete no rosto sofrido de barba endurecida, ensebada, com ciscos e gravetos enroscados.
– Alguma sobra de comida da ceia, senhor? – disse o andarilho, perdido na noite.
Mas era muito cedo para ter sobras.
– Passe mais tarde, depois da meia-noite. Receberá uma marmita generosa.
O andarilho concordou e saiu aos passos trôpegos. Mas o coração de Antonio se condoeu.
– Ei, espere, venha cear com a minha família. Onde come um, comem dois.
O mendigo o seguiu casa adentro como um cão. Espiava, desconfiado, os móveis, as fotografias na parede. Diante da família, parou indeciso, um tanto trêmulo.
– Sente-se.
Esmeralda, ainda linda, e filhos fitaram Antonio, receosos, sem entender a estranha visita.
– Não temos o costume de fazer festa neste dia – disse Antônio durante a ceia.
– Não precisa dizer nada – acudiu Esmeralda, afetuosa.
– Preciso, sim. Este homem parece ser boa pessoa. Com certeza, já comeu o pão que o diabo amassou por este mundo.
Contou, pesaroso, sobre a tragédia naquele dia de Natal.
O andarilho, de cabeça baixa, fartava-se. Comia como se fosse atravessar o deserto. O mau cheiro de seu corpo e roupas se misturava com o sabor da galinha assada, do leitão recheado e de outras iguarias.
– Hoje, se encontrasse aquele assassino, estenderia a mão. Roubei-lhe o bem mais precioso de sua vida, esta mulher tão bela e afetuosa. Seria capaz de dar-lhe um abraço. Nenhum de nós tem rancor guardado. Se estivesse no seu lugar, não saberia o que fazer. É possível que ele tenha sofrido o seu quinhão também.
– Ah, Antonio, há tempo queria ouvir isso de você!
De cabeça baixa, o mendigo se levantou, hesitante.
– Senhor, proteja esta casa, que nunca falte nada – e foi saindo, acompanhado de Antonio.
– Adeus, senhor. Foi o melhor Natal de minha vida – despediu-se no portão.
Em seguida, a noite o engoliu. Havia lágrimas em seus olhos. Jogou a sacola no mato, onde, no dia seguinte, caçadores acharam um revólver carregado. No cabo havia uma inscrição feita grosseiramente: Abílio.
A lenda do Alecrim
Existe uma graciosa lenda a respeito do alecrim:
quando Maria fugiu para o Egito,
levando no colo o menino Jesus,
as flores do caminho iam se abrindo à medida
que a sagrada família passava por elas.
O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados,
o lírio abriu seu cálice.
O alecrim, sem pétalas nem beleza, entristeceu
lamentando não poder agradar o menino.
Cansada, Maria parou à beira do Rio e,
enquanto a criança dormia, lavou suas roupinhas.
Em seguida, olhou a seu redor, procurando um lugar para estendê-las.
'O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais'.
Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria,
agradeceu de coração a nova oportunidade e
as sustentou ao sol durante toda a manhã.
"Obrigada, gentil alecrim! disse Maria.
Daqui por diante, ostentarás flores azuis para
recordarem o manto azul que estou usando.
E não apenas flores te dou em agradecimento,
mas todos os galhos que sustentaram as roupas
do pequeno Jesus, serão aromáticos.
Eu abençoo folha, caule e flor, que a partir deste instante,
terão aroma de santidade e emanarão alegria."
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
O gato
"O cérebro do gato, de todos os animais é o que tem a mesma perspectiva humana.
Ele vê as mesmas cores que nós, ele sente as mesmas emoções que nós. Ele se sente humano!
O gato ao contrário do cachorro, se você bater nele, ele vai virar as costas,
porque ele fica magoado igualzinho a você.
porque ele fica magoado igualzinho a você.
Dentro de nós, temos cristal de quartzo, gato tem muito mais cristal de quartzo.
O gato consegue ver todas as energias que nós só vemos através de meditação e yoga.
O gato te vê, simplesmente, do avesso!
Não adianta tentar fazer cara bonitinha pro gato nem passar a mão nele, se você tem nervosismo,
se você não gosta do gato, ou ele vai te atacar ou vai te ignorar completamente.
se você não gosta do gato, ou ele vai te atacar ou vai te ignorar completamente.
É pior que criança! Sempre que o gato não gosta de alguém, é porque a pessoa é mau-caráter.
Quando o gato vai lá e se esfrega, mesmo que a pessoa não goste de gatos, é porque a pessoa é bom-caráter!
Pode ser que o gato não queira ficar perto de você, porque está passando por uma fase de grau muito baixo,
você está vibrando uma energia muito baixa, então o gato foge!
Pode ser que o gato não queira ficar perto de você, porque está passando por uma fase de grau muito baixo,
você está vibrando uma energia muito baixa, então o gato foge!
Pra se gostar de gato, tem que ter uma flexibilidade muito grande e entender que ninguém é de ninguém,
entender ainda que o amor é a única coisa que segura o gato perto de você.
entender ainda que o amor é a única coisa que segura o gato perto de você.
O gato morre de depressão quando o dono vai embora.
O gato preto com algumas manchinhas brancas ele tem mais sensações instintivas de homem.
O gato é tremendamente intuitivo, ele ultrapassou até a intuição do humano.
Eles foram queimados com as bruxas na inquisição, porque eles sempre
estavam perto de quem trabalhava com o poder da natureza, das ervas.
estavam perto de quem trabalhava com o poder da natureza, das ervas.
O gato olha pra você, e ele vê com a maior naturalidade, energias, entidades,
tudo que você sente, tudo o que você gosta, como você é.
tudo que você sente, tudo o que você gosta, como você é.
O gato precisa ser ensinado; ele olha pra você, lê seu pensamento, e repete, porque ele entendeu.
Se um gato deita em cima de você, repetidas vezes, num mesmo local do seu corpo,
pode fazer um exame, que ali está faltando energia, ou já está doente.
pode fazer um exame, que ali está faltando energia, ou já está doente.
O gato tem minerais na corrente sanguínea que o torna um reikiano natural.
Quando ele deita em cima de você ou em qualquer lugar da casa, ele está
transmutando as energias daquele local, porque ali a energia não está boa."
transmutando as energias daquele local, porque ali a energia não está boa."
domingo, 22 de dezembro de 2019
Mudança...
Mudar não é fácil. Exige muita energia.
Falar é muito fácil, fazer já é outra coisa...
Dar a solução para os problemas dos outros é muito fácil.
Dar a solução para os problemas dos outros é muito fácil.
Solucionar os nossos problemas já é muito difícil.
Ajudar o próximo é fácil, ajudar-se já é muito difícil...
Às vezes é necessário fechar os olhos e parar de olhar para fora, necessitamos olhar para dentro, para nós mesmos.
Muitas vezes não conhecemos nossos próprios defeitos e nos achamos os donos da verdade.
Ajudar o próximo é fácil, ajudar-se já é muito difícil...
Às vezes é necessário fechar os olhos e parar de olhar para fora, necessitamos olhar para dentro, para nós mesmos.
Muitas vezes não conhecemos nossos próprios defeitos e nos achamos os donos da verdade.
Verdade que muda a partir do momento em que nos propomos a aprender e enxergar a vida.
O que tenho como verdade hoje, com as novas experiências vividas, mudam.
Mudar exige conhecer os nossos pontos fortes e fracos.
O que tenho como verdade hoje, com as novas experiências vividas, mudam.
Mudar exige conhecer os nossos pontos fortes e fracos.
Valorizar as qualidades e trabalhar para amenizar e corrigir os defeitos.
Mudar não é mágico, exige controle.
Mudar não é mágico, exige controle.
Você pode sentir raiva, mas precisa expressa-la?
Se você aprender a controlar-se em breve nem a raiva sentirá.
A depressão nos deixa tristes e apáticos, é necessário mudar!
A depressão nos deixa tristes e apáticos, é necessário mudar!
Se não conseguir sozinho é necessário buscar ajuda. Mas exige esforço...
É necessário desejar e dar o primeiro passo, mesmo que tudo dentro de você esteja te levando na direção oposta.
É necessário entender que a mudança ocorre de dentro para fora.
É necessário entender que a mudança ocorre de dentro para fora.
Cada um terá que fazer a sua parte.
Podemos nos ajudar, mas não podemos deixar de dar os nossos passos.
O Criador alimenta todos os pássaros, mas não joga a comida no ninho.
Muitas situações poderiam ser diferentes se simplesmente mudássemos a maneira como reagimos a ela.
O Criador alimenta todos os pássaros, mas não joga a comida no ninho.
Muitas situações poderiam ser diferentes se simplesmente mudássemos a maneira como reagimos a ela.
Somos nós que temos o poder de decidir. De fazer escolhas...
Movimentar-se... Buscar ajuda... Evoluir...
Reflita! Perdoe-se! Perdoe! Aceite! Ame!
A paz começa comigo! A paz começa com você!
Movimentar-se... Buscar ajuda... Evoluir...
Reflita! Perdoe-se! Perdoe! Aceite! Ame!
A paz começa comigo! A paz começa com você!
sábado, 21 de dezembro de 2019
Ligações mentais
“Uma situação só termina quando ela está bem resolvida dentro de nós. A convivência é mais do que um fenômeno físico. É uma ocorrência mental, emocional e energética. A mágoa, a culpa, a dor, os julgamentos, os anseios e expectativas são fios astrais que nos ligam a pessoas, situações e lugares. A pergunta sempre é: Por que ainda me prendo a algo ou alguém que não me faz mais bem? Muitas vezes perdoar, recomeçar, parar de esperar um ressarcimento da vida sobre aquilo que nos consideramos vítimas nos dá algo muito melhor do que um recompensa. Nos dá a paz e a leveza que precisamos. E você, com o que ou quem ainda está ligado? Corte as ligações com o que te faz mal. Pensamentos são fios, se ligue no bem. Use o seu presente para construir laços com o que te fortalece”
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
Feliz Natal à todos!
Oberndorf, pequena aldeia austríaca à beira do rio Salzbach, região de Salzburg, véspera do Natal de 1818. O padre Joseph Mohr estava desesperado porque o órgão da capela havia quebrado. A cantata de Natal seria um fiasco. Logo no primeiro Natal naquela paróquia. Pediu orientação a Deus e se lembrou que dois anos antes havia escrito um poema simples, também na véspera de Natal, após uma caminhada pelos bosques das montanhas da região.
Encontrou o manuscrito do poema em uma gaveta da sacristia. Correu para a casa de um professor e músico humilde, chamado Franz Gruber e lhe perguntou se poderia musicar sua letra para que todos a pudessem cantar logo mais à noite, na missa do Galo. Franz olhou e disse que sim, porque a letra era simples e permitiria uma melodia fácil. Mas teria de ser tocada no violão porque não haveria tempo para algo mais elaborado. Não era um problema porque não havia órgão disponível. O padre Mohr agradeceu e correu de volta para terminar de organizar os detalhes da missa.
À noite, Franz Gruber chegou na capela com o violão e reuniu o coral para ensinar o hino improvisado. Que música era, afinal? Stille Nacht (noite silenciosa, no original alemão) traduzida para o português como Noite Feliz.
Naquela noite de Natal de 1818, os participantes da missa da capela de Oberndorf cantaram maravilhados aquele hino tão singelo e profundo que viria a se tornar a canção natalina mais conhecida do mundo, sendo hoje cantada em mais de 50 idiomas.
Como ela se espalhou?
Semanas depois, o técnico que veio consertar o órgão ouviu a história e pediu para tocar a música. Ficou impressionado com a riqueza melódica da composição que decidiu difundí-la por todas as igrejas por onde passava, até que chegou aos ouvidos do rei Friedrich Wilhelm IV da Prússia, a Nova Iorque em 1838 e difundida de forma ativa também pela emigração alemã que era corrente naquela época.
Está é a história do hino natalino Noite Feliz. O que começou como um momento de pânico e perspectiva de um fiasco, terminou como um eterno presente de Natal para toda a humanidade em forma de música.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Pra lá, nunca mais de David Gonçalves
Acabara de anoitecer. Na meia-água, a mulher grávida e de olhos sofridos lavava os pratos e panelas, enquanto a menina de quatro anos brincava com o menino de dois, ainda sujos, no sofá rombudo. De repente, as batidas na porta.
– Sou eu, abra logo.
Ela se assustou e deixou o prato gasto cair e quebrar-se sobre a pia.
– Ah, meu amor, quanta saudade – foi dizendo Pereba, abraçando-a com garras de tamanduá.
– O que deu em você? Fugiu, não é?
Abraçou também as crianças. Estava com fome. Panelas vazias. Só um pedaço de pão seco sobre a mesa. Mordeu o pão com força, ávido. Em seguida, pediu um copo de água.
– Não está contente, mulher? Estou livre. Pode me beliscar. Sou eu em carne e osso.
– Você fugiu, não é?
Pereba se calou, esfregou as mãos nervosamente, riu sem graça, contraindo os lábios.
– O que eu podia fazer? Aquilo não é vida, Rosedália. Mas não fui o culpado pela fuga. Foi o Negão Fumaça. Eu não fiz nada. O Negão Fumaça esgoelou a guarda, fez reféns. Se eu não fugisse... Qual passarinho que vê a porta da gaiola aberta e não foge?
– Fugiu e veio direto pra cá, seu tanso! Por onde acha que a polícia vai começar a procura? Pela igreja? Sua anta! Por aqui.
– Parece que não está contente em me ver. Pra onde iria?
– Sei lá.
– Estava com saudade de você, das crianças. Vem cá, me dê um beijo.
Ela foi, sentou-se no colo dele, as crianças enlaçadas nele. Rosedália amava-o, apesar dos pesares. Ele tirou do bolso dois pirulitos em forma de coração e deu aos filhos.
Uma coruja piou lugubremente sobre a vila, noite afora.
– Você não pode ficar aqui. Logo a polícia bate à porta. Pegue o que quiser, roupas limpas, e caia na estrada.
– Só uma noite, amor. Eu não aguento de saudade.
Rosedália não disse nada. Sentia o calor daqueles braços fortes invadir-lhe o corpo e queimar. Respondia-lhe aos beijos com mais afagos.
– Crianças, já pra cama. Eu e seu pai temos muito que conversar.
A contra-gosto, elas foram para o quartinho ao lado, insones, inquietas, orelhas levantadas. Pereba beijou a barriga bojuda da mulher.
– Foi da última visita?
– Foi. Eu disse pra você usar camisinha. Mas você parecia um touro selvagem.
Ele riu. Faltavam-lhe três dentes. Uma briga no pátio da cadeia e um murro como coice de cavalo.
– Vem, estou seco por uma trepada.
A meia-água parecia incendiar, o madeirame estalando, a cama ringindo. As crianças, no quartinho, ouviam e arregalavam os olhos. Depois, o silêncio. Um guarda noturno apitou longe. De repente, Rosedália sentou-se à cama e, desesperada, começou a falar:
– Como vamos viver agora? A gente vive melhor com você na cadeia. O governo paga salário, bolsa família, vale-gás, tantas coisas... Fugido, não vamos receber mais nada. Eu e as crianças passamos a viver decentemente depois que você foi preso. Do que vamos viver? De vento? De migalhas? Oh, miséria.
– Se dá um jeito, mulher. Pra lá, nunca mais.
– Quem vai dar trabalho pra um assassino?
– Faço um serviçinho aqui, outro lá, a gente vai vivendo.
– Não quero viver desse jeito. Você tem que voltar pra cadeia. Preso, dá mais lucro.
– Pra lá, nunca mais.
– É o que pensa.
Rosedália desabou num choro enraivecido.
De manhã, Pereba e as crianças dormiam. Ela, sorrateira, foi à rua e, de um orelhão, denunciou-o. Meia hora depois, a meia-água era invadida. Pereba, semiadormecido, olhava atônito as armas apontadas.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Um presente especial de Dúnia Anjos de Freitas
Eu queria um presente especial
para o dia de Natal.
Um presente, que todos
pudessem dele fazer uso,
para melhorar o mundo.
Ah! se eu pudesse...
empacotar carinho,
enrolar esperança,
embrulhar felicidade...
e cheia de pacotinho,
chegar com muito jeitinho,
no teu grande coração.
Aí... acordarias radiante
como estrela fulgurante,
com o olhar pleno de amor.
E então! poderíamos
distribuir paz num abraço
alegria a cada passo
fazer desta felicidade
um presente de Natal.
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