O Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville reinicia neste mês a programação cultural “Uma Noite no Museu”. A palestra que abre o ciclo de debates de 2017 sobre arqueologia, antropologia, história e educação patrimonial tem como destaque a cultura indígena kaingang. A palestra Entre o Cipó e Taquara: tecendo pensamentos sobre a cultura kaingang será realizada em 18 de abril de 2017, a partir das 19h, no Auditório do MASJ. A entrada é gratuita.
A palestrante convidada é professora e coordenadora pedagógica do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joziléa Daniza Jagso Kaingang. Indígena do povo Kaingang do Rio Grande do Sul, Joziléia vai abordar aspectos históricos e culturais deste grupo, que como outros da família linguística macro-jê, caracterizam-se por ter sociedades sociocêntricas, que representam princípios sociocosmológicos dualistas. Para os kaingangs, por exemplo, a sociedade se origina a partir de duas metades: kamé e kairu. Junto com os koklengs, os kaingangs integram o ramo Jê Meridionais e seu território, antes da colonização europeia, compreendia a extensão entre o Rio Tietê (SP) e o Rio Ijuí (RS). Atualmente, os kaingangs ocupam pouco mais de 30 áreas entre São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com uma população de cerca de 34 mil pessoas. São uns dos cinco povos indígenas mais populosos do Brasil.
Além de mostrar este resgate histórico, a palestra irá abordar a atual condição dos kaingangs, o grafismo indígena, a dualidade e a complementariedade da identidade deste povo, a relação com o artesanato e pintura corporal, de acordo com as metades Kame e Kairu.
Coordenadora da licenciatura indígena da UFSC, Jozileia também é voluntária nas organizações indígenas do Instituto Kaingan (INKA) e no Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (INBRAPI). A programação é uma promoção do MASJ e da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), com apoio da Associação de Amigos do Museu de Sambaqui.