Toda criança ou adolescente tem o direito de ser criado e educado no seio da sua família. Essa é uma das condições básicas para o seu desenvolvimento, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Mas nem sempre é assim. Muitos são privados desta condição e é para garantir o direito dessas crianças ou adolescentes que a Prefeitura de Joinville desenvolve, através da Secretaria de Assistência Social, o Programa Famílias Acolhedoras, ação que tem por objetivo destinar um lar para que possam conviver até que tenham condições de serem reintegrados à família.
“O acolhimento de crianças e adolescentes em Famílias Acolhedoras é uma medida de proteção, em caráter excepcional e provisório”, explica Denise Maria Vieira de Simas Santos, coordenadora do Serviço de Acolhimento Institucional e Familiar da Secretaria de Assistência Social. Ela diz ainda que o afastamento da criança de sua família deve ser um procedimento eventual e com o propósito claro de acompanhar a família de origem para que ela tenha condições de se responsabilizar pelos cuidados e proteção da sua criança novamente.
Instituído em novembro de 2007 pela Lei Municipal nº 5.998 e lançado oficialmente em 14 de dezembro de 2007, o programa conta com o apoio e financiamento do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O serviço é o responsável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias acolhedoras, como também realizar o acompanhamento da criança e/ou adolescente acolhido e sua família de origem.
O serviço é realizado de acordo com os princípios, diretrizes e orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente e do documento “Orientações Técnicas: Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes”, principalmente em relação à preservação e à reconstrução do vínculo com a família de origem, assim como a manutenção de crianças e adolescentes com vínculos de parentesco (irmãos , primos) numa mesma família. O atendimento também deve proporcionar o acompanhamento das famílias de origem, com vistas à reintegração familiar.
Famílias que acolhem
Denise Santos lembra que o programa só existe enquanto existirem famílias voluntárias a acolher as crianças. “É um ato de amor que estas pessoas fazem ao receber em suas casas, por um curto prazo de tempo, crianças e adolescentes para serem acolhidas como se fossem da própria família”, avalia. São oito casais na cidade que participam do programa.
Luiz Roberto Monich e Ana Magali Monich são um destes casais. Moradores do bairro Vila Nova, eles contam que acolhem crianças há seis anos. “Ficamos sabendo pela televisão quando o trabalho ainda era um projeto da Prefeitura”, conta Ana. De lá para cá já passaram pela casa dez crianças, que permaneceram em média 7 meses com a família. “Este convívio faz a diferença na vida das crianças”, disse Luiz Roberto. Para ele, não basta ficar indignado ou reclamar e criticar das situações de abandono. “É preciso fazer alguma coisa e creio que nós estamos contribuindo um pouco para melhorar a vida destas crianças”, exemplificou.
No jardim bem cuidado da casa duas crianças correm e se divertem com as brincadeiras. A propriedade é de Valtencir e Tereza Stühler, que também fazem parte das famílias que acolhem. Agora estão com um casal de gêmeos, de 3 anos. Depois de sair do trabalho formal, Tereza conta que ficou sabendo do programa também pela TV. “Quando meu marido chegou em casa à noite contei para ele. Os olhos brilharam e decidimos aceitar o desafio”, lembra.
Para os representantes comerciais Diógenes Wolff e Mônica Carlini trabalhar no projeto é uma satisfação pessoal. “Para nós foi um presente”, disse Diógenes. O casal ficou sabendo da oportunidade através de uma amiga da família que já havia participado. “Como gostamos de crianças tivemos interesse em conhecer o programa e acabamos nos entusiasmando com a beleza deste trabalho”, conta Mônica.
O lar da dona de casa Lizabete Konopka também se transformou com a presença de uma criança. Satisfeita com o trabalho que realiza, Lizabete diz que há uma carência muito grande nas crianças que vivem esta situação de risco. “Mas quando chegam em nossa casa nós acabamos recebendo em troca muito mais amor e carinho. Nós aprendemos muito com eles”, confessa.
Uma unanimidade entre as famílias que acolhem é a certeza de que não ficarão para sempre com as crianças. “Temos bem claro esta questão da separação”, conta Ana Monich. “Sempre guardo uma foto de lembrança no meu álbum e em alguns casos eles voltam para nos visitar”, diz. Já Tereza Stühler prefere não manter muito contato depois de entregar a criança. “Mas preciso saber se elas estão bem, senão não consigo dormir em paz”, afirma.
As famílias que acolhem são cadastradas pela Secretaria de Assistência Social, passam por uma série de entrevistas e orientações para poderem participar do projeto. “É uma ação que beneficia as crianças porque acaba inserindo-as novamente num ambiente familiar, no tempo necessário para a reintegração à origem”, explica Maria de Lourdes Toniolo, psicóloga que trabalha com o projeto na Secretaria.
A coordenadora do Serviço de Acolhimento Institucional Familiar, Denise Santos, explica que cada criança encaminhada recebe uma ajuda de custo para sua manutenção. Quem tiver interesse em participar do projeto ou buscar mais informações pode entrar em contato através do telefone 3434-5718, na Secretaria de Assistência Social.
FONTE: www.joinville.sc.gov.br