Quando a gente vê uma mãe com criança pequena, deixamos de ver 90% dela. Deixamos de ver a mulher que está lutando pra se redescobrir como mulher, deixamos de ver a trabalhadora que é preterida nas vagas de emprego, deixamos de ver a pessoa que agora tem muitas demandas a mais como se fossem só dela. Deixamos de ver a mulher em busca de uma nova forma de viver sua sexualidade, querendo viver a vida em sua plenitude apesar das angústias da maternidade, tentando equilibrar numa balança frágil os amores e as dores de se ver responsável por uma (ou mais) nova vida. Olhamos para aquela mulher e deixamos de ver sua parte mais profunda, submersa, e focamos apenas no que conseguimos enxergar - e que é tão pouco e reflete mais sobre nós que sobre ela...
Uma mãe com uma criança não é uma heroína. É uma mulher comum, com alegrias comuns e dores comuns. E está em nossas mãos querer continuar apenas olhá-la de fora, em uma posição julgadora, ou estender nossos braços-bóias-salva-vidas para que mais dela possa emergir.
Uma mãe sem apoio é um iceberg tentando respirar. Uma mãe cuidada e amparada é uma montanha fértil em busca de encontrar seu lugar no mundo. Maternidade não é coisa de mãe, é coisa do mundo: onde mães não forem cuidadas, ninguém conseguirá ser. Hoje e sempre, ajude uma mãe a mais que respirar: a ser vista e cuidada.
Parte do meu trabalho também é isso: apoiar mulheres mães para que se sintam menos sozinhas.
Contato: ligia@cientistaqueviroumae.com.br