O aborto clandestino é a segunda maior causa de morte materna no Brasil. Esta constatação é encontrada em uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UNB). “Uma em cada cinco mulheres brasileiras faz pelo menos um aborto até os 40 anos”, ressalta Rubiane de Fátima Rodrigues Huinka, psicóloga do Lar Renascer. Embasada nesta pesquisa foi que iniciou a palestra que faz parte do quadro de atividades dos 16 dias de ativismo, realizado pelo Conselho da Mulher de Joinville em parceria com o Fórum da Mulher. A palestra aconteceu no Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA/CEAV).
No Brasil as únicas situações legais para a interrupção de uma gravidez é quando existe risco de vida tanto para a mãe quanto para a criança ou em caso de estupro, em todos os demais casos é proibido. O aborto provocado em casa ou realizado em uma clínica clandestina pode causar diversos traumas para a mulher: físicos e psíquicos. As consequências podem ser irreversíveis como a esterilização, gravidez futura de risco ou com má formação do feto e até a morte. De acordo com a psicóloga quando a mulher decide fazer o aborto raramente volta atrás, por isso ela destaca a relevância do acolhimento destas pessoas. “O convencimento do não aborto pode salvar a vida da mãe e da criança”, explica.
Nos questionamentos levantados pelo grupo que acompanhou a palestra levantou-se a necessidade de políticas para atender esta demanda. A legislação brasileira ainda trata a questão do aborto como um ato criminoso e não reconhece o direito da mulher de ser assistida pela rede pública de saúde nesses casos. Pelo contrário, estimula o mercado clandestino, representado por verdadeiros açougues humanos, procurados pelas mulheres pobres ou por meio do acesso à clínicas especializadas caríssimas, destinadas somente às mulheres ricas.
De acordo com a advogada do Centro dos Direitos Humanos, Cynthia Pinto da Luz, apesar de toda a polêmica em relação ao tema, que envolve aspectos religiosos e socioeconômicos, é preciso avançar e reconhecer que a pratica do aborto é uma questão de saúde pública e evidentemente uma situação muito pessoal que diz respeito somente à mulher e seu companheiro. “O que não se pode é compactuar com uma situação que criminaliza a mulher e a submete à morte, como demonstram as estatísticas no Brasil”, completa.
FONTE: http://www.centrodireitoshumanos.org.br/