Conta-se quem um professor de uma universidade de São Paulo levou um índio para passear no centro da capital paulista. Os olhos do índio não conseguiam acreditar nas alturas dos edifícios, e ele mal conseguia acompanhar o ritmo frenético das pessoas indo e vindo. Espantava-se com o barulho ensurdecedor das sirenes, dos automóveis, as pessoas falando em voz alta. De repente, o índio falou: "Ouço um grilo". O professor espantado retrucou: "impossível ouvir um inseto tão pequeno nesta confusão". O índio insistiu que ouvia o cantar de um grilo. Tomando o seu cicerone pela mão, levou-o até um canteiro de plantas. Afastando as folhas, apontou para o pequeno inseto: "Como?" perguntou o professor sem ainda crer. O índio pediu-lhe algumas moedas e, então, jogou-as na calçada. Quando elas caíram e se ouviu o tilintar do metal, muita gente se voltou para olhar. "Escutei o grilo porque meu ouvido está acostumado com este tipo de barulho. As pessoas aqui ouvem o dinheiro caindo no chão porque foram condicionadas a reagirem a esse tipo de estímulo". Depois concluiu: "a gente ouve o que está acostumado ou treinado a ouvir"