Durante anos os negros foram escravizados. Durante anos os negros batalharam pela conquista de seus direitos. E mesmo com o fim da escravidão, a indiferença persiste entre negros e brancos. Os brancos já estavam bem inseridos na sociedade, seus filhos frequentavam escolas, suas mulheres mantinham uma vida nobre. Mas o negro precisava conquistar tudo isso. Primeiro precisou batalhar para comprar sua liberdade e depois precisou se afirmar dentro da sociedade para mostrar seu valor. E nos dias de hoje ainda batalha para que a frase “somos todos iguais perante a lei” seja verdadeira. A sociedade tem consciência das marcas da escravidão, das inúmeras injustiças cometidas e da política da diferença entre as raças, que estabeleceu a hegemonia da supremacia branca. No entanto, nem por isso o preconceito e a discriminação foram extintos.
Joinville é uma cidade industrial, situada no norte catarinense, conhecida como germânica – pela cultura herdada dos colonizadores europeus – mas que abriga diversas culturas. Neste trabalho de pesquisa e documentação, vamos registrar como se deu a adaptação dos negros em Joinville, como ocorreu a escravidão na cidade, como se deu o fim dessa escravidão, de que forma o negro está inserido na sociedade, como é sua cultura e, por fim, como ele é visto em nossa cidade.
Para quem acredita que a escravidão acabou há muito tempo, que ficou apenas registrada nos livros didáticos e que hoje somos todos iguais, mostraremos relatos reais de discriminação, contaremos algumas histórias de como o negro está inserido em Joinville e mostraremos a importância das cotas para os negros. O projeto propõe o conhecimento de questões étnicas e sócio-históricas, que se tornam relevantes para o conhecimento da história de Joinville. Nossos entrevistados são historiadores, pesquisadores, músicos, professores, ex-jogadores, religiosos, sociólogos e diversos personagens que contarão seus relatos de vida.
Como surgiu a ideia do projeto por Felipe Cardoso “Em 2013 fiz minha monografia sobre a representação do negro nas propagandas do poder executivo de Joinville. Notei a ausência de materiais audiovisuais que contassem a história do negro na cidade. No período em que eu estava escrevendo a monografia surgiu a ideia de fazer um documentário, para deixar registrada essa história. Então convidei jornalistas para me auxiliarem no projeto. Chamei a Paola Stefanon que entende de jornalismo e fotografia, a Ana Paula Padilha para auxiliar nas perguntas, textos e edições. E a Elis Regina por causa da monografia dela sobre o carnaval de Joinville, que poderá contribuir muito para o documentário.”
Este projeto está no site... http://catarse.me/pt/negrasmemorias até 12 de agosto!